sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A SAGA DOS PRETOS VELHOS





A saga dos Pretos Velhos

Num rude toco sentado,
Preto Velho está calado,
Pensando num sei em quem,
Tem o semblante experimentado,
De quem já passou dos cem.

Chegou lá num sei de onde,
De Capela? Não responde,
De que adianta saber,
Do templo da Atlântida se esconde,
Talvez do mal que lá fez.

E quando tudo afundou,
O mal que lá praticou,
Ele tinha que reparar,
Foi pra Grécia, lecionou,
No Egito, foi pra estudar.

Mas muito tempo depois,
Nego Velho e mais dois,
Aqui no Brasil estagiou,
Como índio caboclo e depois,
Um novo rumo tomou.

Nova vida, nova esperança,
Lembrava aquela criança,
Angélica que um dia foi,
E lutava pela bonança,
Cuidando de terra e boi.

Foi soldado nas cruzadas,
Participante das queimadas,
Que grande marca deixou,
No tempo, história, pessoas amadas,
Algumas lágrimas ele enxugou.

Passou também pela França,
Mas era outra criança,
Quase pronta pra aprender,
Que não é na pujança,
Que o necessário vai colher.

E na Revolução Francesa,
Mostrou alguma grandeza,
Tentando obter liberdade,
E ao som da Marselhesa,
Partiu para a eternidade.

E veio nascer no Brasil,
Pois o seu coração sentiu,
Que este era o lugar,
Pra mostrar todo o seu bril,
De ser humilde e lutar.

Pra ser pessoa diferente,
De cor negra, alma decente,
Morreu de tanto apanhar,
Mas calado, candidamente,
Em Aruanda foi morar.

E hoje, no rude toco sentado,
Preto Velho é adorado,
Pela simplicidade que trás,
Ensinando até advogado,
A sabedoria da paz.

Fernando 03/03/10



TEXTO RECEBIDO POR E-MAIL.

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